Por Luisa Andrade Leal Passos. | Públicado em 27/06/2025.
Nos últimos anos, o ESG tornou-se um dos temas mais discutidos no mundo corporativo. Empresas prometem grandes mudanças, mas será que todas estão realmente comprometidas ou apenas praticam greenwashing?
ESG, sigla em inglês que representa Environmental, Social and Governance, representa um conjunto de práticas e critérios utilizados para examinar o desempenho de uma organização, relacionados ao impacto ambiental, social e à forma como é gerenciada.
O acrônimo é composto por três pilares:
Meio Ambiente (E)
Assumir práticas que adotem uma abordagem preventiva, responsável e proativa para desafios ambientais (ex.: conservação e reuso de água; captação de água da chuva);
Desenvolver iniciativas para promover e disseminar a responsabilidade socioambiental (ex.: gestão de resíduos, consumo consciente);
Praticar o desenvolvimento e a difusão de tecnologias ambientalmente responsáveis (ex.: energia renovável; redução de emissão de carbono; substituição de plásticos por materiais biodegradáveis).
Social (S)
Fomento à equidade de gênero e diversidade em todos os níveis da organização;
Comprometimento com salários dignos e direitos trabalhistas;
Promoção de ações sociais de impacto nas comunidades locais.
Governança (G)
Estruturação dos órgãos sociais da organização (ex.: conselhos, diretorias, comitês);
Instrumentalização de documentos que registram as práticas de governabilidade (ex.: códigos de ética e de conduta, regimento interno, código de relacionamento com fornecedores);
Transparência, sistema de integridade, ética corporativa, prevenção e combate à corrupção, além de práticas responsáveis (ex.: canais de denúncias; diligências de integridade em partes relacionadas; controle de indicações para funções, visando identificar possíveis incompatibilidades para a ocupação da função; responsabilização por desvios cometidos).
No entanto, em meio a tantas adequações, o que motiva a adesão de empresas às práticas ESG?
Além do compromisso e da responsabilidade com a sustentabilidade empresarial, as pautas ambientais, sociais e de governança passaram a ser essenciais na análise de riscos e nas decisões econômico-financeiras das organizações.
Recentes estudos apontam que 85% dos investidores priorizam empresas que implementam a pauta ESG (fonte: McKinsey); fundos ESG movimentam trilhões ao redor do mundo (fonte: CNN Brasil/Bloomberg Intelligence); há perceptível valorização na reputação da marca (fonte: Valor Econômico); há grande probabilidade de redução de riscos regulatórios diante da adoção de medidas preventivas, em prognóstico à tendência de enrijecimento da legislação ambiental (fonte: LEC – The Compliance Community); Millennials e Geração Z reputam que senso de propósito é essencial para a satisfação no trabalho e rejeitariam propostas de empresas que não se alinham com princípios éticos (fonte: Deloitte/Forbes).
Porém, e quando o discurso ESG não condiz com a realidade? Greenwashing.
Importante alertar para assimetrias entre o discurso e a prática. Algumas organizações, embora veiculem comunicação de aderência às práticas ESG, pretendendo o reconhecimento de tal adequação, empregam ações que contradizem o discurso.
Para isto, é fundamental a checagem de objetivos e prazos, o compromisso com a transparência e a consistência das ações.
A empresa tem objetivos mensuráveis (ex.: “zerar emissões de combustíveis fósseis até 2030”; “marcas de fast fashion lançando coleções eco-friendly, mas mantendo produção em massa poluente) ou só slogans vagos? Há efetivo compromisso com a divulgação de relatórios detalhados e acessíveis sobre o impacto das ações ou apenas campanhas publicitárias? As ações ambientais/sociais/governança são absorvidas pela organização como parte do modelo de negócios ou apenas iniciativas isoladas?
A sustentabilidade empresarial, na abordagem ESG, segue em alta, tencionando direcionar o olhar para entender os seus impactos negativos e positivos sobre a sociedade, e como agir para reduzir os negativos (e, se possível, equalizá-los) e intensificar os positivos. Em paralelo, a tendência é que se concretize como uma vantagem competitiva, sempre na perspectiva de compreender a organização como membro de uma estrutura social, atenta aos anseios de bem estar e diversidade dos colaborares e perspectivas de constantes adaptações mercadológicas para otimizar a sua atuação diante de uma ética coorporativa, abrangente de ações que visam uma cidadania empresarial transparente. Mais movimentos concretos e menos promessas vazias.